quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Alberto Caeiro

Caracteristicas da poesia de Alberto Caeiro

  • Sensacionismo – compreende o mundo através dos sentidos, sendo a visão o mais importante. Ver é conhecer e compreender o mundo, por isso, pensa vendo e ouvindo.

Ex:
“E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pésE com o nariz e a boca.” – Versos 4 a 7 da primeira estrofe do poema “IX”

  • Recusa qualquer tipo de pensamento e dá importância à aquisição do conhecimento através das sensações. Desta forma elimina a dor de pensar que afeta o ortónimo.  
Ex:
“O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso
” – 1.ª estrofe do poema “Há metafísica bastante em não pensar em nada.”

“O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)” – Versos 16 e 17 do poema “II”

         Para Caeiro, “pensar” é estar doente dos olhos, pois só se não conseguir ver é que vai  imaginar as coisas, logo utilizar a razão.
  • Para Caeiro as coisas são aquilo que nós vemos, não tendo outro significado.
Ex:
“Porque sei que compreendo a Natureza por fora;
E não a compreendo por dentro
Porque a Natureza não tem dentro;
Senão não era a Natureza.”- Versos 23 a 26 do poema “XXVIII”

Nestas estrofes Caeiro afirma que não é necessário compreender a Natureza, porque ela não é mais do que aquilo que nós conseguimos captar através dos sentidos.


  • Alberto Caeiro é panteísta, ou seja, poeta da natureza, este vive em completa harmonia com o Mundo que o rodeia, dando a cada elemento natural o estatuto de Deus. Sente-se bem na natureza sem a transformar, ou seja adapta-se.
Ex:
“Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.” – Última estrofe do poema “IX”


  • Tem uma atração pela infância, como sinónimo de pureza, inocência e simplicidade, porque a criança não pensa, conhece pelos sentidos como ele – pela manipulação dos objetos através das mãos.  
Ex:
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras

Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo… - versos 5 a 12 do poema “II”

Nestas estrofes o poeta para além de demostrar a atração pela pureza duma criança, demostra a crença na eterna novidade do Mundo, ou seja, acredita que o Mundo está em constante mudança.

  • Caeiro não se preocupa com a passagem do tempo, este vive no presente e ignora o passado, assim como o futuro.

  • Vê o mundo sem necessidade de explicações e confessa que existir é um facto  maravilhoso. Para Caeiro o mundo é sempre diferente: por isso aproveita cada momento da vida e cada sensação na sua originalidade.

  • Caeiro considera que fazer poesia é uma atitude involuntária e espontânea.
Ex:
Li hoje quase duas páginas
Do livro dum poeta místico,
E ri como quem tem chorado muito.
Os poetas místicos são filósofos doentes
(…)
Por mim, escrevo a prosa dos meus versos
E fico contente
, (…) – versos do poemas “XXVIII”
Nestes versos o sujeito poético opõe a poesia dos poetas místicos que é elaborada, à sua que é espontânea e racional.

  • Caeiro aborda também a ideia de Deus, no Deus que nunca viu, não pode acreditar, mas num Deus palpável, visível nas coisas da Natureza, nesse o poeta acredita. Afirma ainda que se Deus está nos elementos naturais, lhe obedece naturalmente, caso contrário Deus não existe. Desta forma, Caeiro reforça a sua perspetiva pagã, ou seja, vive em harmonia com as suas crenças.
Ex:
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me, Aqui estou!
 …
Mas se Deus é as flores e as árvores 
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele, - 5.º estrofe e os 3 primeiros versos da 6.ª estrofe do poema
“Há metafísica bastante em não pensar em nada.”


·         Alberto Caeiro utiliza um discurso poético simples e corrente, recorre a perguntas e respostas, frases curtas, repetições e frases interrogativas.

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