domingo, 15 de janeiro de 2012

Ortónimo: Nostalgia da Infância


·         O sujeito poético é infeliz e sente-se inadaptado no presente em que vive;

·         Tem saudades de uma infância ideal e feliz;

·         Refugia-se nas memórias dessa infância.

Fernando Pessoa com cerca de um ano de idade
                                       
·     Ao refugiar-se no passado, Pessoa sente-se cada vez mais inadaptado no presente, o que o leva a refugiar-se novamente no passado, nesse tempo perdido onde conseguiu ser feliz. 

Ex:
«Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
"O menino de sua mãe".


Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

(...)

longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.» - O menino de sua mãe (v3/5, est3; est4; est6)

A terceira estrofe pretende mostrar que as memórias do passado nos prendem no presente. Quando a mãe insiste em chamá-lo de seu menino, está a prendê-lo na infância, como se não tivesse crescido.

A quarta estrofe mostra-nos como o soldado vivia o presente carregando os símbolos do passado: a cigarreira. Foi este passado que o impediu de viver no presente, originando a sua "morte".
Por fim, a sexta estrofe, mostra a forma como o passado e o presente são inconciliáveis: aquele que está morto e apodrece no presente, continua vivo no passado.

·   Sempre que aparece um rio na poesia de Fernando Pessoa, esse representa o caminho da vida. A passagem do rio representa a passagem da vida no presente. Se esta for muito lenta, é porque o "rio" (o presente) está preso (ao passado). Se for rápida, é porque tem pressa em avançar (o sujeito poético está ansioso com o futuro).


Ex:
“Ondas do rio, tão leves
Que não sois ondas sequer,
Horas, dias, anos, breves
Passam
– verduras ou neves
Que o mesmo sol faz morrer.” – 4ª Estrofe do poema Andaime



a nostalgia da infância

Sem comentários: