quarta-feira, 30 de maio de 2012

FHL: Sistematização

     O primeiro Ato inicia-se com os populares, que falam sobre o General Gomes Freire de Andrade. Destes, destacam-se o Antigo Soldado, que recorda o general com saudade e o elogia, Manuel e Rita. O povo é pobre e deposita no general a esperança de mudança da ordem social, referindo constantemente "se ele quisesse...". As frases incompletas indicam o medo, provocado pelo som dos tambores. Estes, sendo um símbolo apenas auditivo, representam o o poder que não se vê, mas está sempre presente.
     Por outro lado, destaca-se Vicente, um popular muito peculiar que tenta destruir a imagem do general. O seu objetivo é ascender profissionalmente, ou melhor: ser chefe da polícia. Para uma melhor persuasão dos restantes populares, finge ter orgulho em pertencer ao povo, acusando o general de ser igual a todos os outros regentes.
     Para além destes, destacam-se os representantes da regência: D. Miguel Forjaz, absolutista, representa o poder régio; Beresford, o poder militar; Principal Sousa, o poder religioso. O poder destes é sustentado pelos denunciantes: Vicente, como já foi referido, Andrade Corvo e Morais Sarmento, que acreditam que os fins justificam os meios.

     O segundo ato inicia-se novamente com os populares reunidos, que falam da moeda, mais concretamente da esmola, que vende a alma e limpa a consciência. O general foi preso e, na ótica dos mesmos, "a noite ficou mais escura", ou seja: já não há esperança, porque já não há nada a perder. Como tal, o povo já não tem medo dos tambores, pelo que não se dispersa quando os ouve tocar.
     Matilde, a mulher do general, aparece destroçada, revoltada e triste, demonstrando, também, determinação em libertar o marido. Sousa Falcão, o melhor amigo de Matilde e de Gomes Freire, alega que o amigo não conspirava e que nem sequer saía de casa. Na tentativa de libertar o marido, Matilde fala com Beresford e promete colaborar com a tirania, mas este humilha-a por querer vender a honra. De seguida, Matilde fala com o povo, que começa por a ignorar. Esta chama a atenção e demonstra desprezo por quem a ignora. A reação do povo é alegar ser pobre e desgraçado e pedir desculpa por não poder ajudar. Perante isto, Matilde acusa os populares de serem responsáveis pela provável morte do marido.
     Sousa Falcão diz que não autorizam ninguém a ver o general, mas tem conhecimento da situação do general na prisão. Este adoeceu, estava às escuras, esteve seis dias sem comer, não pôde escolher o advogado e teve direito a apenas duas mantas. Matilde agradece o apoio de Sousa Falcão e admite que ambos sabem que Gomes Freire não sairá vivo da prisão. Este fatalismo fá-la ficar melancólica e relembrar tempos felizes, como a compra de uma saia verde em Paris, numa altura em que estavam muitos pobres.
     Matilde recupera as esperanças e tenta falar com D. Miguel Forjaz, que, tal como Sousa Falcão tinha previsto, não os recebeu. Matilde, então, fala com Principal Sousa e implora que salve o marido. Sendo o seu pedido rejeitado, acusa o Principal de não ser cristão e roga-lhe pragas. Frei Diogo defende o general e diz a Matilde que o general pensa muito nela. Por esta rebelião, Principal Sousa expulsa ambos.

     Na cena final, Sousa Falcão aparece de preto: odeia-se, por achar que ele é que deveria estar preso, e, por isso, está de luto por si próprio, e não pelo general, que, a seu ver, morre com dignidade. Matilde aparece com a ser verde e despede-se de um ser imaginário, transmitindo-lhe amor e prometendo encontrar-se com ele. Ambos veem o clarão da fogueira, que representa o fim daquela era, mas o início de outra.

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